Dramarturgia Censurada
Acyr Braga de Castro foi um artista múltiplo que encontrou no teatro seu espaço de atuação mais diversificado. Nascido em Ribeirão Preto, na década de 40, foi diretor do curso de Arte Dramática, na década de 1960, neste mesmo município, no qual inicialmente quinze alunos matricularam-se e tiveram aulas de diversas disciplinas, a saber: Interpretação, História do Teatro, Dicção, Caracterização, História, Cenografia, Literatura Teatral, Prosódia, Ginástica Rítmica, Mitologia e Psicologia. O curso, organizado em três anos, também contou com Acyr Castro como professor. (O Estado de S. Paulo, 1960).
Acyr Castro ampliou sua arte no campo da dramaturgia, atuando como produtor, ator e diretor. Sua atuação não se restringiu ao estado de São Paulo, expandindo sua arte para outros locais como Rio de Janeiro, Pernambuco e Bahia. Sua performance nos palcos contou com a parceria de outros atores de destaque como Norma Suely, Emiliano Queiroz, Gracindo Júnior (Coleção Aplauso, 2006), Tônia Carrero (Biblioteca Jenny Klain Segall, sd) e Nathália Timberg (Correio da manhã,1965). Na década de 1970 fundou a A C Produções Artísticas em Ribeirão Preto que funcionou durante cinco anos, mais especificamente entre 1973 e 1978. Na Bahia, Acyr Castro também teve sua empresa, de mesmo nome, datada de 29 de fevereiro de 1980 com baixa no ano de 2008, o que nos indica a diversidade de sua atuação na Bahia.
No Rio de Janeiro, atuou em nove peças teatrais encenadas entre 1964 e 1970, anos de chumbo, dentre elas: Sonho de uma noite de verão, de Shakespeare (Enciclopédia Cultural, 2021); Os Fantastikos, de Tom Jones e Harvey Schmidt (O Cruzeiro, Revista, 1966); e A falecida senhora sua mãe, de Georges Feydeau (Correio da Manhã, 1965). Em Recife, aclamado por estudantes, atuou em Diário de um louco, de Gogol (Jornal do Commércio, 1976); em Salvador, foi diretor de Roda cor de Roda, de Leila Assunção, foi ator em Medo, de Ildásio Tavares (Jornal da Cidade, 1976), e consagrou-se como dramaturgo nesta mesma cidade com os textos teatrais O maior espetáculo da Terra apresenta: Cristo em Todos os Tempos (Castro, 1978), O Homem Deus (Castro, 1982) e Bahia de Quatrocentos e Oitenta e dois Janeiros (Castro, 1982).
Acyr Castro consolidou-se, deste modo, como um artista à frente de seu tempo, participando da formação de outros profissionais do teatro, sendo inspiração para uma juventude que reivindicava sua performance e pelas temáticas desenvolvidas a partir da sua dramaturgia, como industrialização no Brasil, a subserviência do homem à máquina, o processo de luta por território, entre outras.